[Wednesday, May 18, 2011]
Tentei pensar em algo pra se ouvir enquanto se lê esse escrito e não consegui. Só uma música me vem à cabeça: http://www.youtube.com/watch?v=353ZF8aZC64
Aí leio o comentário mais voltado e tenho certeza que só pode ser esta canção.
Aviso: Isso não é um texto literário. É um desabafo.
As Reticências
Há algo que me sufoca. O que seria grande (seria esse o adjetivo – pesado, talvez?) a ponto de impedir que o ar entre? Não. O ar entra, sou eu que não sinto. Ou talvez meu corpo sinta e minha alma não? Sei que não tomo consciência dele permeando meu corpo. Respiro de forma afobada, como se esperasse que o ar levasse consigo esse peso, essa grandeza desconhecida, que na verdade devo saber - mas não aceitar – de onde vem. Esse sufoco não vem sozinho. Porque viria? Há junto dele um engasgo, não desses que fazem a gente tossir, mas desses que apertam o peito, que desesperam e nos tiram do rumo que já nem existe.
Não sabia que a felicidade era tão difícil. Quero dizer... Nem a via possível, a princípio. Mas agora que se torna realidade... A desgraçada da felicidade também não vem sozinha. E por que viria? Nada nesse mundo é beleza é beleza simplesmente. Nada nesse mundo de lixo em que vivemos é plenamente belo ou bom. Nem a senhora felicidade, nem o amor. Sabe aquele amor “pra sempre”? Não é o que vocês acham que é. Não. Ah, esse amor que parece resolver todos os seus problemas... Péssimas notícias: ele só traz mais. Junto com o prazer e tudo de bom sobre viver com quem se ama vêm uma bagagem de outras coisas, normalmente não tão boas.
Diz uma bela canção: “Os opostos se distraem, os DISPOSTOS se atraem.” Quem está disposto? Essa é a questão maior. Mas não vamos discutir sobre o amor, não é pra isso que venho aqui. É pelo sufoco, pelo engasgo. Pela saudade. E a falta das reticências. As reticências. Essas nunca deixaram de fazer falta. As reticências, desde o início deixavam a saudade tomar conta, mesmo antes de saírem da minha vida. Mas desde que se foram... É dilacerante. E sei que sempre vai ser. As reticências traziam consigo a poesia. Poesia da vida, do momento, da música, dos livros, da vida. A poesia da poesia. E trazia também suas próprias poesias, guardadas em mim pra sempre. Decoradas. Lidas e relidas quase que diariamente. Até mesmo a difusão entre realidade e virtualidade – que não explicarei agora – eram poesia, eram magia. Mas isso não se perdeu. Nem a poesia, nem a magia, nem a saudade. E talvez (talvez?) coisas bem mais fortes continuem presentes. Mas provavelmente em vão. As reticências se foram e é improvável que voltem.
Não quero relembrar tais coisas, o tempo não deixa que voltem. O tempo! Desse cara é impossível conhecer o caráter! Quem é o tempo? Para que o tempo? Juro que se me fosse possível espancava esse filho da mãe até não poder mais! O tempo corrói e leva praticamente tudo. O eu fica é o que a saudade não nos permite esquecer. Não nos permite superar. É o caso desses três pontinhos que não significam nada para a maioria de vocês. Mas que serão parte de mim por um “bom” tempo. Tempo esse que não sei se irá ter fim antes do meu. Quando se tem certeza de que algo não vai se acabar, é porque não se acabará. E sempre soubemos que as reticências estariam comigo pelo resto do meu caminho.
Desculpem se não especifico ou explico tudo que digo, mas as reticências sempre tiveram sua explicação nas entrelinhas. Qualquer entendedor da nossa língua sabe disso. E é nas entrelinhas que elas vão continuar. As reticências... Meu berço até meu leito.